Livro - Apenas um menino apaixonado

Apenas um menino apaixonado

" A ideia veio do íntimo, no meu "eu" que mora em mim, e que sempre está apaixonado. Há histórias vividas, e momentos intensos, contudo é apenas uma ficção, um ficção mais real do que a própria realidade".


Como sabemos que o amor chegou?
Essa resposta é algo que as mentes mais brilhantes e onipotentes que já existiram tentaram explicar, e até hoje, nada. Nenhuma explicação lógica pra esse sentimento avassalador que domina a mente, e invalida a razão.
Um pobre garoto, que só anseia pela simplicidade desse sentimento. Descobre que amar é algo que surge no coração na hora mais inapropriada.

Misturado com sentimentos de paixão, de ansiedade, de medo, de loucura, de prazer, de conseqüências e de razões. Nem sempre o final é algo bom, mas chega, independentemente de como termine.




Capitulo 1 - Nova História 

Minha vida mudaria. Finalmente eu seria quem sempre quis ser. Um “eu” que ninguém viu, pois sempre esteve guardado dentro de mim.

Complicado e excêntrico, é assim me definiria. Louco? Talvez um tanto melancólico demais.
Era uma noite gelada – incomum por aqui -, quando recebi a noticia, de que de fato, eu conseguira a tão sonhada vaga no colégio de Aplicação. Muitos ansiavam estudar lá, e eu havia conseguido.
Ir a um colégio onde ninguém me conhecia e que não havia currículos formados sobre mim ou sobre quem sou. Eu seria minha própria referência. Definir-me-ia sem necessitar de “pontos de referência”, mostraria minha essência.
Não demorou muito até que o mês de fevereiro chegou e o esperado dia 2. Na hora exata acordei e enfiei-me no uniforme, coloquei a mochila nas costas contendo o caderno recentemente comprado. Andei, e ao longe avistei o colégio. E pensei: 1° ano do Ensino Médio, finalmente chegou.
Entrei pelo portão, observando todas as pessoas que me rodeavam, não era notado por ninguém, continuei a andar, e desorientado buscava a sala onde passaria os próximos e possíveis quatro anos. Meu tênis emitia barulhos ao andar pelo piso encerado de cor azul-marinho. Pus-me a procurar a sala e ansiosamente conhecer as pessoas com quem conviveria, será bom. Pensava eu, tentando animar-me.
Após alguns minutos andando, abaixei a cabeça e suspirei. Tinha que pedir informação, a sala parecia ter se escondido de mim.
Cabisbaixo eu voltei a andar pelo corredor, e foi de súbito. Alguém mais desorientado do que eu, e mais maluco, corria e me atropelara.
Caído no chão levantei o olhar, estava com muita raiva. Foi inevitável não mudar a expressão, pra mim, o tempo havia parado.
Cabelos pretos curtos, seus olhos negros olhavam-me envergonhada, o seu rosto arredondado e sua silhueta, perfeita. Ouvia sua voz suave dizer:
— Desculpa...
Não sei o que estava acontecendo, mas era bom. 

A bela garota levantou-se e numa rapidez notável saiu andando. Fiquei a observá-la enquanto andava.
Por alguns segundos minha mente pairou pelo vazio, flutuavam meus pensamentos, e de súbito fixei meus olhos para a realidade. Vir-me-ei e olhei para trás, mas não a vi. Suspirei... Quem será ela? Pensei.
E ouvi o sinal alarmando que o segundo horário começara; Meus olhos vasculharam as proximidades, procurando alguém que me informasse onde seria à sala. Vi uma senhora um tanto apressada saindo de uma sala. E receoso perguntei-lhe se sabia à sala da nova turma.
Ensinou-me o local, e corri, queria chegar antes do professor. Vi uma porta onde tinha escrito: 1º ano “D”. E logo em baixo: “Turma de Magistério”.
É aqui! Educadamente bati na porta, e entrei. Todos fixaram o olhar em mim. O professor, um senhor meio gordo, e de aparência rústica disse:
— Você deve ser o Sr. Alex... Correto?
— Sim sou eu.
— Espero que nos próximos dias, aprenda a chegar cedo.
Ouve risos da turma.
— Certo professor. – respondi um tanto risonho.
Avistei uma cadeira, da primeira fila. E me sentei.
Dei uma olhada rápida em todos os meus colegas e pensei: E que venham os quatro anos.

***

      Após uma maçante apresentação, o professor se despediu da sala e saiu. Graças a Deus. Acabei pensando alto, e em risos silenciosos a garota que estava do meu lado olhou-me. Respondi rindo também, acho que era o começo de uma amizade.
Alguns alunos começaram a conversar no fundo da sala, quando uma moça entra na sala, alta, cabelos dourados e eram compridos, os olhos esverdeados com um tom mel, um corpo notável, uma bela moça.
Os garotos da sala – inclusive eu – a olharam boquiabertos, então a moça disse:
— Bom dia. Meu nome é Hellen. Sou a professora de Metodologia da Pesquisa.
Ao menos uma distração. Pensei até sem querer.
A professora em um jeito elegante pediu para que todos se apresentassem e após um apresentar curto ela começou a explicar o “por que” da matéria e como ela influenciaria a nós como educadores. Não conseguia ouvir o que ela dizia, meus pensamentos flutuavam imaginando a garota que havia esbarrado em mim mais cedo.
Então, em um pulo voltei à realidade. A professora se despedia, e um senhor alto, entrava na sala. Levantei, disse ao senhor que teria de sair, e voltei ao corredor.
Avistei um tanto longe um bebedor, lentamente fui até lá, bebi uns goles de água e dirigi-me novamente à sala de aula.   
 — Ei... – ouvi uma voz feminina chamar-me. 


 — Oi. - respondi educadamente. 


Por alguns instantes parei e observei a garota, olhos verdes, cabelos ruivos uma beleza exótica. 
Linda, pensei. 


 — Você sabe onde é a sala da nova turma de magistério? 


Tomara que seja minha turma, pensei animado. 
Está havendo aula nesse momento lá. Vim beber água. 


 —  Leve-me até lá! - disse docemente; 


Balancei a cabeça em sinal positivo, e andamos em silêncio até à porta da sala. Antes de abrirmos a porta, ela olhou-me e sorriu. Respondi com um sorriso. 
E entramos. 


O professor alto que entrara na sala, seria nosso "Tutor Matemático" como ele mesmo pedira para ser chamado. Matemática? Infelizmente acho que até o fim da minha vida conviverei tentando esforçar-me e inutilmente entendê-la. 


Ele diferentemente da professora anterior não se ateu a se apresentar à turma, com um pincel na mão, pô-se a copiar, e à dizer:


 — Preparem-se, aqui não matemática de fundamental, e eu exijo que vocês sejam bons! 


 Você pode até tentar me fazer bom, mas duvido que conseguirá, pensei. E infelizmente meus pensamentos tornaram-se "altos" demais, e a garota ao meu lado riu. 


Seria um dia longo, mas daria para suportar. Minha nova história estava começando, e eu inerte  só queria saber o final.     


Meio louco e melancólico, vivia na ilusão do "eu", e na louca paixão do "nós".... Bem ao menos até aqui eu continuei vivendo!




Capítulo 2 - Um pensar estranho


Após o primeiro dia no colégio, percebi que a cada batida do meu coração um pouco do meu eu se modificava... Eu finalmente encontrei o tempo certo da minha mudança!
 Meus pensamentos iam do certo ao errado, do concreto ao duvidoso. Da certeza a incerteza. Fantasiei toda uma história baseada naquele "primeiro contato", entre mim e aquela pessoa completamente perfeita. 
Meus passos eram suaves, e meu caminhar lento. Meus pensamentos estavam intensos e complexos, quando ouvi alguém chamar-me. 


— Alex! Aaaalex! - gritou.


Virei-me um tanto indiferente demais, e olhei. A menina que a todo tempo olhava-me na sala de aula, agora gritava o meu nome, fiquei frente a ela. Olhando-a correr em minha direção. Ela só pode ser louca. Pensei.   


 Ofegante ela parou e encarou-me por alguns segundos, e logo após disse: 


— Onde você vai? 


Não entendi a pergunta, mas respondi educadamente. 


— Para casa.  


Ela abaixou a cabeça por alguns instantes, e subitamente levantou o olhar encarando-me e com um largo sorriso nos lábios. 


O que essa menina quer? Perguntei a mim mesmo, pois pelo visto consegui uma "parceira" para me acompanhar até em casa.



Ofegante e mantendo um sorriso sincero no rosto, a garota ainda olhava-me. Após alguns segundos recuperando o fôlego ela ficou ereta, olhou dentro dos meus olhos com certa imponência e disse:

— Onde você mora?

Fiquei sem ação, e por alguns segundos não sabia se a respondia ou se a olhava com tom sarcástico. Mas meus princípios de educação, nessas situações sempre falavam mais alto, e a respondi:
— Na Avenida Honorato Viana, é longe, mas sempre gostei de andar, eu vou entender se você quiser pegar um ônib...

— Eu vou com você! – Me interrompeu. E sorriu, acomodando sua bolsa nas costas ela andou alguns passos e disse: - Vamos!

Minha expressão foi clara, estava surpreendido. Pode ser louca, mas tem atitude! Pensei e comecei a andar ao lado dela.

Por alguns minutos apenas andamos, não estava nem um pouco disposto a conversar. Mas pelo visto a idéia da garota era outra...

— Por que, curso de Magistério?

Perguntou, como se a pergunta surgisse do nada... Gostei do interesse dela, e respondi animado.

— Sempre admirei as pessoas que ensinam! Acho que me darei bem nessa área.

Ela olhou para frente e levantou as sobrancelhas... Sorriu descontraída e começou a dizer:

— Acho que estou aqui só por um acaso do destino, nunca me imaginei ensinando. Definitivamente não é minha área.

Fiquei sem resposta, percebi claramente que estar ali não era questão de vontade própria dela. E perguntei:

— Como você se chama?

Seus cabelos loiros balançaram quando ela virou o rosto. Seus olhos azuis pareciam adentrar os meus quando me encarou, e então percebi... Ela é perfeita, é um anjo.

— Meu nome é Carla.

Por um momento meu olhar dentro dos olhos dela, modificou-se e ela corou. Virou o rosto subitamente, e disse:

— Não me encare assim, Alex.

Por um momento olhei para o outro lado da rua, Cabelos negros. Andava sozinha com uma mochila de alça preta nas costas, cabisbaixa estava com um andar suave. A garota que esbarrou em mim mais cedo... Não consegui tirar o olhar dela. Silhueta perfeita. Quero saber quem é ela... Eu tenho que saber quem é ela.



Capitulo 3 – Doce voz


Carla percebeu o meu fascínio pela garota do outro lado da rua, e só notei que ela havia percebido após ouvir um grito escandaloso indo em direção a bela garota, estrondoso, alto e nítido.

— LIZ!

Corei.

Liz olhou em nossa direção e sorriu simplesmente perfeita. Ela não viria, mas Carla tinha que chamá-la, ela tinha que chamá-la.

— VEM CÁ!

Lentamente a bela garota aproximou-se de nós, Carla abraçou-a e me olhou... Liz olhou-me também, e Carla sem um pingo de noção disse.

— Alex... Você está vermelho.



No mesmo instante, fiquei atônito e virei o rosto. As duas desencarearam uma longa risada, enquanto eu não conseguia encará-las. Então senti um toque em meus ombros, e olhei. Liz olháva-me e disse:


— Desculpe, hoje mais cedo... 


Não deixei que ela terminasse de falar, e disse: 


— Não tem problema, essas coisas acontecem. 
 
Carla, curiosa, tinha que meter o bedelho na conversa e dizer:


— Essas coisas? Essas coisas o quê? 


 Eu a olhei, e ri. Liz fez o mesmo. Então começamos a andar... Acho que o caminho até em casa hoje, será melhor do que eu havia pensado, será bem melhor.


      

2 comentários:

  1. Cara que história massa!
    rsrsrs
    por um momento lembrei-me dos meus tempos de ensino médio!
    kkkk
    esperarei ansioso pelos próximos capítulos.
    abraçaoe sucesso ai...

    ResponderExcluir